quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

A Teia da Vida. Reflexões sobre a Evolução por Simbiogênese

Lynn Margulis, Criadora da Teoria da Endossimbiose
Lynn Margulis foi uma bióloga especialista em micro-organismos. Sua principal contribuição à ciência foi a descoberta de que a Mitocôndria e o Cloroplasto foram inicialmente, organismos de vida livre e que posteriormente foram assimilados pelas células eucarióticas. A partir desta descoberta, Lynn supôs que este tipo de relação de assimilação deveria ocorrer mais frequentemente. Em uma entrevistas à Discover Magazine, Lynn argumenta que a seleção natural não era o princípio mais importante a nortear a evolução das espécies e sim a Simbiogênese. Simbiogênse é o processo de formação de novos táxons e espécies, assim como antigas bactérias de vida livre se tornaram Mitocôndrias e Cloroplastos. 

Lynn argumentava que a nossa árvore da vida seria muito mais parecida com uma rede, com diversos eventos de simbiogênese, não somente entre espécies de um mesmo grupo,  mas até entre organismos de “reinos” e “domínios” diferentes. Infelizmente Lynn não viveu o suficiente para testar suas hipóteses, falecendo em 2011.


Elysia chlorotica , a lesma do mar que faz fotossíntese


Ainda que sua opinião sobre a seleção natural seja questionável, a idéia da simbiogênse tem recebido relativa aceitação, dado o aumento de evidências e organismos capazes de realizar este fenômeno, tal como a lesma do mar do gên. Elysia e mais recentemente o Tardígrado. Segundo pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, o diminuto animal póssui até ⅙ ou 17,5% de seus genes oriundo de outros seres, num fenômeno conhecido como transferência lateral de genes, que nada mais é que a passagem de informação genética entre seres que não são progenitores e seus respectivos filhos.



Tardígrados à dir. Microscópio óptico e à esq. Mic.Eletrônico
O artigo publicado no Proceeding of National Academy of Sciences levanta a hipótese destes genes estarem relacionados à notória ultra-resistência destes animais. A pesquisa revelou ainda, que dos 17,5%, 6.000 genes são oriundos de  bactérias, sendo o restante de plantas, outros animais, fungos e até Archaeas*.



Diagrama sobre Terapia Gênica
Entretanto, não são somente animais a executarem esta transferência lateral de genes. Os vírus tem desempenhado um papel crucial na evolução dos seres vivos, em função de sua reprodução, muitos pesquisadores partilham da idéia de que os vírus, ao inserirem seu material gênico nas células infectadas, eles poderiam, assim como Tartígrado, adicionarem genes à elas e desta maneira criarem novas espécies. Ainda que isso pareça estranho, a terapia gênica, já aplicada em alguns casos, trata-se exatamente disso. O pesquisador coloca o gene de reparo dentro de um vírus que por sua vez o insere na célula defeituosa.


Por mais que para que seja amplamente aceita a simbiogênese demande mais estudo, podemos nos fazer a seguinte pergunta: “De quantas transferências será que eu sou feito, quem tanto vive em mim sem que eu saiba ?”


Glossário:

  • Archaeas: Micro-organismos que atualmente vivem em ambiente extremos. Muito semelhantes às bactérias, entretanto sua bioquímica e DNA os fazem mais próximos dos  Eukaryota dos que dos Eubacteria.

Referências:




It's the neo-Darwinists, population geneticists, AIDS researchers, and English-speaking biologists as a whole who have it all wrong.
by Dick Teresi; photography by Bob O'Connor

From the April 2011 issue; published online June 17, 2011 - Eu posso disponibilizar o arquivo para baixar caso os leitores queiram

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