quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

(From Page) DesExtinção: Nossa possibilidade de redenção?

Desde a publicação de Jurassic Park em Michael Crichton em 1990, tornou-se popular a ideia de trazer espécies extintas de volta à vida e atualmente estamos cada vez mais próximos de alcançar este sonho, à este processo chamamos Desextinção.
Ela pode ser feita de muitas maneiras, algumas usando híbridos de espécies extintas com as vivas que gerarão filhotes puros da espécie extinta e a partir daí selecionando os casais cria-se uma pequena população.
Livro Jurassic Park, pela Editora Aleph
Ou você pode, em muitos casos raros, ter o genoma completo da espécie que você quer trazer de volta e daí você injeta este genoma numa célula doada da fêmea que irá gestá-la ou incubá-la.
Ainda que pareça um procedimento simples, é extremamente complexo, uma vez que existem grandes chances, em função do tempo decorrido e o tipo de exposição que o corpo sofreu antes de sua conservação, pode levar a uma perda grande se não total do material genético. E após isso, o material que tem grandes chances de estar em frangalhos é codificado para compará-lo com o de um animal vivente e daí fazer a hibridização de materiais para a geração de um indivíduo híbrido. Até o momento do nascimento deste híbrido, tudo pode dar errado, as mudanças genéticas que ele possui enquanto híbrido podem gerar malformações e mortes prematuras.
A genética tem avançado com a clonagem e genômica, inclusive conseguiram criar Dolly, e em 2003 cientistas espanhóis e franceses criaram um bucardo
Bucardo (Capra pyrenaica pyrenaica)
(Capra pyrenaica pyrenaica). Mas ainda assim os nossos conhecimentos tem se provado insuficiente para efetivamente trazer uma espécie extinta, no entanto, possivelmente, em um futuro próximo possamos trazer de volta muitas espécies extintas por nossos caprichos e irresponsabilidades.
Mas ainda que trouxéssemos espécies de volta, tais como o mamute lanoso, o tigre da tasmânia, a foca do caribe e outros, qual a utilidade disto?
Um dos principais pontos levantados pela oposição à Desextinção é que ainda que trouxéssemos estas espécies novamente, não haveria local, hábitat, alimentação para elas.
Isto pode até ser verdade do ponto de vista de animais pleistocênicos, o mundo está passando por um aquecimento global e toda a biosfera atualmente comporta-se de maneira diferente. Mas o que dizer de espécies que foram deliberadamente extintas por nós?
Dodô empalhado no Natural History Museum - NY
Espécies como o Dodô, o Alca Gigante, o Tigre da Tasmânia, as diversas subespécies de tigres e leões, o moa gigante, a vaca marinha de Steller. Todas elas tinham papéis importantes em seus respectivos ecossistemas, muitos deles ainda existem sem eles, mas não são necessariamente os mesmos. Diversos estudos ecológicos têm mostrado, principalmente em ambientes trópico-equatoriais, a necessidade interespecífica para o funcionamento e manutenção dos ecossistemas.
Sementes da Árvore do Dodô
Um exemplo foi a extinção do Dodô (Raphus cucullatus), que era o principal dispersor de sementes da árvore-Dodô (Sideroxylon grandiflorum), que atualmente precisou da reintrodução de perus para reestabelecer sua população, uma vez que ela dependia dos ácidos estomacais do Dodô para quebrar a dormência.
Quanto às espécies extintas ao final da última glaciação há 10.000 anos atrás, há muito que se debater. Ainda que haja um grande esforço de trazer o mamute de volta, a questão é extremamente complexa. Por que trazer um animal que foi extinto naturalmente.

Nas palavras do personagem de Jurassic Park Ian Malcom: “Você não está salvando uma espécie que foi extinta pelo desmatamento ou a criação de uma barragem, os dinossauros tiveram sua chance e a natureza os escolheu para a extinção”

Interação preador-presa entre homem e megafauna
A História da extinção da megafauna pleistocênica é extremamente confusa, com dezenas de dados apontando tanto para extinção por sobrecaça humana, quanto por mudanças climáticas. Esta questão é extremamente delicada, uma vez que inclusive os ambientes atuais não são semelhantes ao da última glaciação. Entretanto existem evidências de que os mamutes e outros seres da megafauna sustentavam seus hábitats, algo como o que vemos na África, onde elefantes, girafas, búfalos e zebras pisoteiam o solo, matando as gramíneas velhas e defecam sobre elas, adubando as savanas, talvez ocorresse o mesmo com os mamutes da era do gelo.
Cena do possível Parque Pleistocênico, se ele vier a funcionar
A Desextinção veio com uma promessa não intencional de trazermos de volta todos aqueles que nós injustamente tiramos do planeta. Mas esta “redenção” ainda é custosa e está ainda muito longe de ser praticada em larga escala, nossa preocupação atual não deve ser a correção dos erros do passado, e sim evitar que estes erros sejam novamente repetidos, afinal, do que adianta trazer a arara azul pequena (Anodorhynchus glaucus) se não existirá mais hábitat para ela voltar.
Espécimes de Anodorhychus glaucus depositados em uma coleção


Referências:
TedxDeExtinction : http://tedxdeextinction.org/ - Série de Palestras com especialistas debatendo sobre desextinção
NatGeo DeExtinction: http://viajeaqui.abril.com.br/…/especies-extintas-podem-vol… – Reportagem da National Geographic
Ice Age Giants : https://www.youtube.com/watch?v=Sh7L5qxgRS8 – Documentário sobre as criaturas, clima e geografia da Era do Gelo
Monsters We Met : https://www.youtube.com/watch?v=WDI6UriVGSI – Documentário da BBC sobre a interação homem-megafauna pelo planeta


Clonando o Tigre da Tasmânia : https://www.youtube.com/watch?v=918jXodv_QA – Documentário da Discovery sobre a possível Desextinção do Tigre da Tasmânia

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